Os preços da soja nos portos do Brasil acompanham a alta do dólar frente ao real nesta segunda-feira (5) e registram bom avanço na tarde de hoje. Os ganhos são limitados, por outro lado, pela estabilidade observada na Bolsa de Chicago e pelo contrato julho/17 ainda valendo US$ 9,20 por bushel.

Em Rio Grande, a soja disponível valia R$ 69,00 por saca, com uma alta de 1,47% em relação ao fechamento da última sexta-feira (2), e o produto da safra nova subia 1,39% para chegar aos R$ 73,00.

O avanço da moeda americana – que era de 1%, por volta de 13h55 (horário de Brasília), para R$ 3,287 – se dava com o foco dos investidores na cena interna política. Nesta terça-feira, 6 de junho, começa o julgamento da chapa Dilma-Temer pelo Supremo Tribunal Eleitoral (TSE)e os olhos do mercado estão todos voltados para este evento.

“Para o mercado, pode ser mais um sinal de que a votação das reformas será mais difícil e podemos entrar num período agonizante”, afirmou o diretor da corretora Mirae Asset, Pablo Spyer à agência de notícias Reuters.

Além disso, há ainda a tensão e a espera pelo depoimento do ex-assessor especial de Temer e ex-deputado, Rodrigo Rocha Loures, preso no sábado.

Estabilidade em Chicago

Na Bolsa de Chicago, os preços caminham de lado na sessão desta segunda-feira. Por volta de 13h20 (Brasília), as duas primeiras posições perdiam 0,50 e 1,25 ponto, enquanto as duas últimas subiam 0,50 e 2 pontos, com o novembro/17 valendo US$ 9,27 por bushel.

O mercado internacional se posiciona diante da grande posição ainda vendida dos fundos, que chama a atenção por ser uma das maiores dos últimos anos. Na última semana foram vendidos, segundo o relatório do CFTC, mais de 26 mil contratos da oleaginosa. Além disso, se atenta aos fundamentos de clima e demanda e, principalmente aqueles que se referem ao desenvolvimento da safra 2017/18 dos EUA.

Já nesta segunda chegam o reporte semanal de embarques de grãos dos EUA e, após o fechamento de mercado, às 17h (horário de Brasília), o de acompanhamento de safras. Ambos serão trazidos pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e podem mexer com o andamento das cotações.

A expectativa dos traders é de que o índice de lavouras de milho em bas ou excelentes condições melhores em algo entre 1% e 2%. Para a soja, também é esperado um progresso considerável no plantio da safra 2017/18.

“Em uma viagem de Rockford/Illinois a Saint Louis/Missouri, neste final de semana, vi uma excelente melhora na safra de milho comparada a algumas semanas. O cereal que foi replantado esá crescendo em boas condições, porém, um tantinho mais baixo neste período do ano”, relata o analista de mercado Paul Georgy, da Allendale.

Na quinta-feira (8), chegam os novos números das vendas semanais para exportação – com o acumulado na temporada já passando de 58 milhões de toneladas, contra a projeção do USDA de 55,79 milhões – e, na sexta-feira, 9 de junho, o novo boletim mensal de oferta e demanda. Para este último, ansiedade e atenção sobre os estoques e exportações tanto da safra nova, quanto da safra velha.

Entre as análises gráficas, os preços mantêm sua ‘tendência’ de queda, como explica o analista de mercado da OTCex Group, de Genebra, Miguel Biegai. “Graficamente, seguimos dentro de um canal de tendência de baixa, com uma importante resistência fibonacci na casa dos US$ 929,50 cents/bushel. Somente se o US$ 929,50 for rompido hoje ou nos próximos dias, será possível definir uma nova tendência”, diz.